A Oxigenoterapia Hiperbárica na doença vascular periférica tem ganhado destaque como uma terapia complementar capaz de melhorar o prognóstico e acelerar a cicatrização em pacientes com alterações graves da circulação arterial, venosa ou linfática. Por atuar diretamente na microcirculação e no suprimento de oxigênio tecidual, a OHB se apresenta como um tratamento adjuvante importante na angiologia e na cirurgia vascular.
Essa reflexão é ainda mais pertinente quando lembramos o Dia do Cirurgião Vascular, celebrado em 15 de agosto, uma data dedicada aos profissionais que se dedicam ao tratamento do sistema circulatório e contribuem significativamente para a preservação de membros, prevenção de amputações e melhoria da qualidade de vida de seus pacientes.
A importância da OHB no tratamento de doenças vasculares periféricas
Pacientes com doença vascular periférica apresentam redução significativa do fluxo sanguíneo, resultando em baixa oxigenação tecidual e propensão a lesões graves, como úlceras crônicas, necrose, cicatrização retardada e infecções recorrentes. A Oxigenoterapia Hiperbárica atua exatamente nesses fatores críticos ao:
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elevar drasticamente a quantidade de oxigênio dissolvido no plasma;
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promover angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos);
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potencializar a ação antimicrobiana;
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modular a inflamação;
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otimizar a cicatrização.
Esse conjunto de efeitos torna a OHB especialmente útil em feridas vasculares de difícil cicatrização, quadros isquêmicos e lesões tróficas decorrentes da insuficiência arterial ou venosa.
Estudo clínico: a OHB aplicada à doença vascular periférica
Um artigo científico analisou a eficácia da terapia hiperbárica em pacientes com afecções vasculares periféricas submetidos à OHB associada ao tratamento convencional. O objetivo foi observar os resultados clínicos da terapia combinada e discutir sua relevância para a prática vascular moderna.
Objetivo do estudo
O estudo reforça a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a OHB, uma vez que sua aplicação tem se expandido e as evidências científicas apontam benefícios expressivos. A literatura destaca especial interesse em sua utilização em angiologia e cirurgia vascular, principalmente em casos de feridas isquêmicas complexas.
Metodologia
Os pacientes investigados receberam:
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20 sessões consecutivas de OHB;
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duração de 120 minutos cada sessão;
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pressão de 2,5 ATM com oxigênio 100% puro.
O tratamento foi acompanhado de:
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desbridamento cirúrgico de tecidos necrosados;
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curativos diários com colagenase e antimicrobianos locais.
A proposta foi avaliar a resposta tecidual e a evolução clínica das lesões tróficas durante e após o tratamento combinado.
Resultados observados com a Oxigenoterapia Hiperbárica
Após o ciclo terapêutico, os pacientes apresentaram mudanças clínicas significativas:
✔ Cicatrização completa das lesões tróficas
✔ Desaparecimento das dores locais
✔ Granulação evidente e saudável da ferida
✔ Redução acelerada do edema
Esses resultados apontam para a eficácia da OHB como terapia coadjuvante, especialmente porque a cicatrização em doença vascular periférica costuma ser lenta e complexa devido à baixa perfusão dos tecidos.
Conclusão: papel da OHB na prática vascular
A Oxigenoterapia Hiperbárica na doença vascular periférica surge como uma ferramenta essencial para o tratamento de pacientes com feridas complexas, isquemia tecidual e risco de amputação. Seus efeitos fisiológicos contribuem diretamente para acelerar a cicatrização, reduzir infecções e melhorar a qualidade da microcirculação.
Entretanto, é fundamental que a terapia seja aplicada por profissionais capacitados, com indicação criteriosa, como um recurso integrado às estratégias já estabelecidas. Não se trata de uma “solução mágica”, mas de uma terapia complementar com impactos relevantes quando bem indicada.
Cirurgiões vasculares e profissionais da angiologia têm hoje a possibilidade de incorporar a OHB como aliada em casos de difícil manejo, ampliando as chances de preservação tecidual e proporcionando maior qualidade de vida aos pacientes.