O Globo Esporte visitou o Centro de Excelência, onde o Verdão agora tem Câmara Hiperbárica, uma sala para fazer exames de imagem e antecipar tratamentos, além do sistema de scout à disposição no vestiário.
Como o Palmeiras vence tanto? A pergunta, feita a cada conquista alviverde, pode ser rapidamente respondida pela força do elenco e o trabalho de Abel Ferreira. Mas quem convive no dia a dia do clube tem certeza de que a estrutura e os processos na Academia de Futebol pesam muito para esta fase que muitos já definem como a “Terceira Academia”.
O ge acompanhou a visita do comentarista Caio Ribeiro à Academia de Futebol, apresentada em detalhes por Cícero Souza, gerente do Palmeiras.
Ainda que este seja o quinto ano da estrutura no Verdão, há sempre evolução tanto em equipamentos, como no uso agora de uma câmara hiperbárica para colaborar na recuperação física dos jogadores, quanto nos processos, de diagnóstico precoce de lesões até ao compartilhamento de dados de adversários dentro do próprio vestiário.
A influência do NSP
Com Daniel Gonçalves fazendo a coordenação científica e João Martins, o elo com a comissão técnica, o Núcleo de Saúde e Performance é responsável pelas áreas médica, odontológica, de fisioterapia, fisiologia, preparação física, psicologia, nutrição, radiologia, enfermagem, podologia e estética.
A integração científica é um dos pilares do projeto de futebol do Palmeiras e tem como meta deixar o elenco o mais saudável possível para Abel. O trabalho físico é individualizado, cuida-se até do sono dos atletas diariamente e há acompanhamento psicológico constante, também.
Dentro do próprio NSP existe uma sala para realização de exames de imagem. Com ela, o Palmeiras acelera diagnósticos e consequentemente tratamentos. Um exemplo recente foi quando a delegação chegou já de madrugada após um jogo, e Raphael Veiga sentia dores musculares.
André Yamada, responsável pelo diagnóstico por imagens, foi até a Academia na própria madrugada fazer o exame no camisa 23, que dormiu no CT. Ao acordar na manhã seguinte, o clube já sabia como iniciar o tratamento.
Menos lesões e R$ 5,5 milhões “economizados”
O Palmeiras começou a mudar os processos e estrutura em 2015, com a chegada de Alexandre Mattos e o próprio Cícero para o comando do departamento de futebol. Desde então, houve uma queda significativa no número de lesões.
Além da queda no número de lesões, o Palmeiras trabalha para encurtar o prazo de recuperação. No caso de Murilo, por exemplo, a luxação que ele sofreu no ombro direito inicialmente o deixaria fora de dois a três meses. Com 49 dias, porém, já estava novamente à disposição de Abel Ferreira.
Estes retornos mais precoces não são relevantes apenas tecnicamente, mas também financeiramente. O clube avalia que “economizou” R$ 5,5 milhões em 2022 por isso.
Chegou-se ao número da seguinte forma: a partir do salário de cada atleta é calculado o valor que seria pago por dia a ele. O número de dias em que ele volta a ficar apto a jogar antes do prazo da lesão é multiplicado e colocado na planilha.
Esta é uma forma de se mostrar resultados para que os investimentos no Centro de Excelência continuem, tanto para equipamentos quanto em metodologia.
Por que da Câmara Hiperbárica?
Em uma sala praticamente anexa à área de fisioterapia na Academia de Futebol há duas câmaras hiperbáricas, em que os jogadores podem marcar sessões de 1h cada.
A ideia com o equipamento, pouco usado no futebol brasileiro, é aumentar o percentual de oxigênio no sangue. Isto ajuda no processo de cicatrização mais rápida de microlesões, por exemplo, na recuperação pós-treino e consequentemente ajuda no fôlego para executar as atividades em campo.
A avaliação dentro do Palmeiras é de que os resultados têm sido bons, e muitos atletas começaram a tomar isso como uma rotina. As duas câmaras contam até com telas para que os jogadores façam a sessão enquanto assistem a uma série ou filme.
Informação dos rivais em uma tela
Os clubes de futebol costumam utilizar o Wyscout como ferramenta de dados para suas equipes de análise de desempenho. O Palmeiras instalou uma televisão dentro do vestiário para que os jogadores tenham acesso quando quiserem, também.
Ao lado dos armários, há a TV com o aviso: “aqui você pode pesquisar sua equipe, seu adversário, sua equipe-referência e seus jogadores-referência”.
Com três toques, o jogador pode escolher a equipe que deseja ter os dados, ou de um jogador específico. O clube também libera o acesso ao sistema nos celulares dos atletas.
Ainda que toda a estrutura seja entendida como um diferencial do Palmeiras, Cícero Souza faz uma ressalva:
– O jogador moderno cada vez mais usa toda a tecnologia que existe. Falamos muito disso e integração científica, só que o futebol continua sendo extremamente técnico. Vence quem estiver melhor preparado para desenvolver sua técnica. É isso que a gente acredita no Palmeiras. As ferramentas modernas estão aí só para contribuir e aumentar o índice de performance de cada um.